top of page

O Mito da Caverna e o despertar da consciência

  • lcarraromacedo
  • 10 de fev. de 2023
  • 4 min de leitura

Peço-lhes licença para falar sobre o Mito da Caverna, de Platão. Seria muita audácia minha, acreditar que poderia falar sobre filosofia ou sobre alguma obra filosófica. Ora, não sou filósofa, nem estudante de filosofia e muito menos conhecedora dos pensamentos filosóficos de Sócrates, Platão ou dos demais pensadores. Mas, ouso mesmo assim, escrever o meu entendimento sobre a relação dessa alegoria da caverna com o processo de despertar da consciência.


O livro Mito da Caverna foi extraído do livro (capítulo) VII da obra A República, de Platão, escrita por volta de 380 a.C. Platão escreve um diálogo entre Sócrates e Gláucon, o que torna a leitura mais fácil, embora seja extremamente profunda.


Platão relata no Mito da Caverna, uma teoria sobre o conhecimento humano e nossa compreensão do mundo e da nossa realidade.


Contando muito resumidamente:

Platão descreve uma caverna subterrânea, com uma grande entrada acima aberta para a luz e com a mesma largura da própria caverna. No interior dessa caverna, ele relata que as pessoas vivem lá dentro desde a infância. Essas pessoas estão presas por grilhões em seus pescoços e pernas, deixando-as imóveis e impedindo-as de olhar para os lados. Elas não conseguem ver nada além da parede da caverna. Atrás dessas pessoas, tem uma fogueira que projeta sombras nessa parede. E entre a fogueira e a parede, existe um muro baixo, onde pessoas passam carregando todos os tipos de objetos e marionetes.


As pessoas acorrentadas passam a vida inteira vendo as sombras e acreditando que elas são a única realidade que existe.



ree

Para Platão, a libertação dessa ignorância deve ocorrer de forma gentil, respeitosa e com tempo para adaptação. Ele entende que a pessoa que está presa nas correntes desde pequeno, acredita que a realidade seja a escuridão da caverna e as sombras projetadas no muro e que forçá-la de alguma forma a olhar para a luz, iria cegá-la e deixá-la transtornada.

Primeiro, a pessoa começará a notar que as projeções no muro são apenas sombras. Ela vai visualizar as imagens dessas sombras com mais clareza. Depois, ela veria as imagens das pessoas em reflexos e, então, conseguiria ver a imagem do corpo das pessoas. Com isso, ele começaria a naturalmente se questionar e a investigar as coisas. Conheceria a luz do Sol e a saída da caverna.


Saindo da caverna, aquele que um dia foi prisioneiro conhece a verdade. E, conhecendo toda a realidade fora daquela prisão, pensa nas demais pessoas que continuam presas lá dentro da caverna, e se enche de compaixão. O ex-prisioneiro decide voltar para a caverna para ajudar os demais prisioneiros a se libertarem. Mas dentro da caverna, os homens desenvolveram uma ligação profunda com as sombras projetadas e criaram prêmios e recompensas para quem tem mais habilidades em identificá-las, tem maior mérito quem reconhece melhor as sombras.


Ao regressar para dentro da caverna, o ex-prisioneiro sente imensa dificuldade de enxergar na escuridão. Seus olhos estavam habituados à luz. Então, ele também precisa de um momento de readaptação na sombra. Ao vê-lo desnorteado e falando coisas sobre luz e vida além das ilusões das sombras, os prisioneiros, principalmente, os senhores do poder se sentem ameaçados e o rejeitam possivelmente, chegando ao extremo de matá-lo.


Essa história é repleta de simbolismos. E refletindo sobre ela, proponho aqui uma analogia com a nossa realidade no mundo material.


Ao nascermos aqui nesse mundo, somos ensinados a viver de acordo com as regras da sociedade. Limitamos os nossos sentidos ao que vemos, ouvimos e sentimos e assim, limitamos as nossas percepções. Entramos em um ciclo de repetições, assumimos e desempenhamos papéis socialmente impostos e aceitáveis e somos julgados, valorizados e/ou rejeitados de acordo com nossos desempenhos desses papéis.


Se considerarmos a caverna como sendo a nossa vida neste plano material, vemos o quanto ela limita os nossos sentidos e nos aprisiona, devido a ausência da Luz. Somos educados a seguir um roteiro em nossas vidas, mas não somos incentivados a explorar o nosso mundo interior, pelo contrário, nos distraímos tanto com as ilusões materiais, que nos esquecemos de olhar para dentro.


A fogueira do ego, do orgulho e do nosso egoísmo projeta diante dos nossos olhos sombras, que acreditamos serem reais, necessárias e o verdadeiro sentido da nossa vida. Vivemos numa incessante disputa para descobrir quem possui maior habilidade e conhecimento no reconhecimento das sombras projetadas.


Acontece que, assim como esse ex-prisioneiro se libertou por si mesmo, a partir de uma força interna, dentro de cada um de nós existe uma intuição ou, posso chamar de centelha divina, que adormece, mas jamais se apaga. Com o tempo, começamos a sentir que falta algo. A caverna, as sombras, a falta de liberdade começa a nos incomodar. Sentimos um vazio dentro de nós. As sombras começam a perder a importância, as ilusões materiais não nos satisfazem mais. Questionamentos surgem: “deve haver algo além”. Começamos a nos mover. A enxergar que aquelas projeções são apenas sombras e que a realidade não está ali. Vemos que podemos nos levantar, nos mover e nos libertar daqueles grilhões. Olhamos para trás e vemos que as sombras são projetadas pela fogueira do nosso orgulho e do nosso egoísmo. Reconhecemos a fogueira e vemos que por trás dela, tem uma luz mais intensa. A luz que essa além dessa vida física, além da caverna. Seguimos essa luz, porque ela nos atrai. O movimento de seguir a luz e sair da caverna parece que exige muito esforço de nós, mas é apenas o desapego de todas as crenças que nos aprisionavam.


Ao sair da caverna, sentimos o nosso ser se expandir. Estamos livres. Nossos sentidos estão livres. Aquela sensação de falta é completamente curada. Nada nos falta pois estamos completos em nosso sentir e em nosso SER.



1 Comment


fabianafonseca55
fabianafonseca55
Feb 11, 2023

Adorei a sua resenha!😍

Like

hoje ouço muitas pessoas falarem que precisaram aprender a dizer não, inclusive eu sou uma delas (ainda estou no processo). Mas vamos lá, senta que lá vem história…

hoje ouço muitas pessoas falarem que precisaram aprender a dizer não, inclusive eu sou uma delas (ainda estou no processo). Mas vamos lá, senta que lá vem história…

  • Whatsapp
  • LinkedIn
  • Instagram

Editado 2025 Fabiana Fonseca

© 2025 - Todos os direitos reservados.

bottom of page