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Saber dizer “não” é também saber ouvir “não”

  • Foto do escritor: fabifonseca55
    fabifonseca55
  • 21 de nov. de 2022
  • 5 min de leitura

Atualizado: 29 de abr.

Esse texto foi inspirado em uma conversa de bar ...rsrs, spn, dessa vez ela foi inspirada em uma esmaltaria.


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A bonita que cuida do meu pé compartilhou que ela e a outra profissional que divide o espaço estão notando que algumas clientes não aceitam quando não há horários disponíveis ou quando não coincide com o período desejado. Além disso, perceberam que essa intolerância tem se manifestado em outros ambientes e situações. A partir dessas observações, refletimos que as pessoas (inclusive nós) estão enfrentando dificuldades em aceitar o "não".


Entendendo que isso pode ser uma projeção, fomos além, refletimos que talvez essas mesmas pessoas podem ter dificuldade em dizer não em suas vidas, sabe aquela ideia “O Sonho do Oprimido É Ser o Opressor”, pois é, é mais ou menos por aí. Porém entendo que essa projeção é inconsciente na maior parte dos casos, a pessoa não tem consciência dessa dinâmica, apenas continua retroalimentando o sistema inconsciente que tem relação com condicionamentos, crenças e padrões.


“Saber dizer não”…hoje ouço muitas pessoas falarem que precisaram aprender a dizer não, inclusive eu sou uma delas (ainda estou no processo). Mas vamos lá, senta que lá vem história…


Passei boa parte da minha vida sem saber que falava muitos “sins”, simplesmente não tinha consciência, mas foi a partir de alguns incômodos, alinhado a (auto)observação e a (auto)investigação, que descobri que falava muitos sins, e a pior descoberta foi que falava muitos sins porque queria agradar, mas também porque faço parte de um contexto de sociedade que me condicionou para esse estado. Vixi, agora bugou... quantas camadas teria que desfazer para saber dizer NÃO?


Mas para entender parte desse comportamento precisamos de mais contexto e é aqui que olhamos para a fundação da nossa sociedade que é baseada no patriarcado*. Talvez você esteja resistindo a essa ideia e se questionando, mas agora tudo é “responsabilidade do patriarcado” ou “mas quanto mimimi”. Pois é, infelizmente boa parte dos nossos comportamentos, condicionamentos, crenças e padrões vem dessa fundação, ou seja, todas as pessoas receberam a influência do patriarcado em sua formação, reforço, todas as pessoas, independente do gênero.


A pergunta é: Como sairemos disso? Não é polarizando e nem apontando o dedo para nenhum lugar, mas sim, fazendo o trabalho no individual para refletir e impactar no coletivo(que somos nozes). Lembra o que Gandhi disse?


“Seja você a mudança que quer ver no mundo”.


Pois é, simples assim, não tem outro caminho, não tem outro jeito, até que eu gostaria de uma mágica para acelerar esse processo, mas o caminho mais rápido é para dentro, em outras palavras o “serviço” precisa ser feito dentro de cada um de nós para ao mesmo tempo refletir no externo, assim que começamos já percebemos as mudanças! Ao mesmo tempo que isso é incrível é assustador; incrível porque o poder está em mim e é assustador pelo mesmo motivo, um paradoxo!


Respira e solta!


Tá fazendo sentido? Se não tiver, tá tudo bem, pede por uma experiência! =)


Comecei a falar de quem não sabe dizer “não” também não sabe ouvir “não” e parece que fui para outro assunto…bem, tudo está conectado. Explico melhor, a dificuldade que tenho em ouvir um não pode ter relação com a dificuldade que tenho de falar não, sendo assim é importante fazer uma observação e investigar para identificar qual dinâmica está orbitando no meu sistema de crenças, padrões ou condicionamentos e a partir daí aprender a identificar esse movimento inconsciente e isso se dá "olhando para dentro" ou em outras palavras o autoconhecimento.


Quando digo sim, querendo dizer não para algumas pessoas e situações, pode ser que ali exista alguma crença, condicionamento ou padrão ou em outras palavras - pessoas ou situações de "peso" em nossas vidas - mãe, pai, irmão, irmã, tias, chefes, etc. Logo, ali na frente, em outra situação e com outra pessoa, que não tem o mesmo "peso", onde recebo um não, querendo ouvir um sim, pode ser um gatilho para eu entrar em exigência, queixa ou lamentação de uma necessidade não atendida, talvez, naquele “sim” que eu dei anteriormente, mas que queria ter dito “não”, isso é apenas um exemplo linear para ficar mais didático. Isso é o efeito do “sonho do oprimido sendo um opressor” - Faz sentido?


Lembro que quando comecei a tomar consciência dessa dinâmica na minha vida, escutei um exemplo que para mim é bem simples, mas que teve um grande efeito.


Exemplo: Imagine que você tem uma plaquinha na sua mão - de um lado está escrito SIM e do outro NÃO - quando você diz SIM, querendo dizer não, a palavra que fica virada pra você obviamente é o NÃO(simples né?)


…uauu caiu uma ficha gigantesca pra mim, mas junto veio uma questão - “mas se eu falar NÃO, não serei egoísta?" Porque "aprendi" que se eu falasse não seria egoísta ou que poderia chatear, frustrar, desagradar, enfim, vários outros condicionamentos e crenças."


No entanto foi após refletir, investigar e olhar para dentro que cheguei no conhecimento que tudo acontece no sentir, ou seja, as respostas para tudo estão no nosso sentir. Vou trazer um exemplo para ficar mais didático: quando recebo um convite para ir a uma festa, me conecto com o meu sentir e lá receberei a resposta se devo ir ou não; Suponhamos que eu receba um convite para ir a uma festa de aniversário da minha melhor amiga e eu sinta de não ir... "mas como assim vou falar não para minha melhor amiga?"(ou para o meu irmão, ou para minha mãe, ou ainda pior para o marido ou namorada ou esposa ou filha(o)? - pessoas de “peso” em nossas vidas é o que não falta) Ou seja lá quem for, no início esses condicionamentos vão resistir, porém reforço, você é livre para decidir em continuar a “sustentá-los” ou seguir o seu sentir e viver uma vida mais autêntica, adianto que não é uma tarefa fácil, vai depender do quanto você está incomodada(o) com a “plaquinha NÃO” virada na maior parte das vezes para você.


Na minha experiência quando é para aceitar o convite, por exemplo, sinto paz, expansão, alegria e quando é para dizer não e insisto em dizer sim - sinto inquietude, incômodos - o desafio é se conectar com o sentir em meio aos entulhos que acumulamos para identificar qual é a escolha mais adequada para aquela situação... é um treino, com a constância, vai se tornando prático e automático.

Quando seguimos o nosso sentir(coração), seguimos o que faz sentido e isso não tem a ver com ser ou não egoísta, bom ou boa, não é nesse lugar. Quando aprendemos a ouvir o nosso sentir, naturalmente aprendemos a dizer e a ouvir os "nãos e os sins" de maneira madura e mais gentil, tanto para nós quanto para as demais pessoas.


(*)Patriarcado é um sistema social em que homens mantêm o poder primário e predominam em funções de liderança política, autoridade moral, privilégio social e controle das propriedades. No domínio da família, o pai mantém a autoridade sobre as mulheres e as crianças...

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hoje ouço muitas pessoas falarem que precisaram aprender a dizer não, inclusive eu sou uma delas (ainda estou no processo). Mas vamos lá, senta que lá vem história…

hoje ouço muitas pessoas falarem que precisaram aprender a dizer não, inclusive eu sou uma delas (ainda estou no processo). Mas vamos lá, senta que lá vem história…

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Editado 2025 Fabiana Fonseca

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